UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
DISCIPLINA DE CARIOLOGIA
INDICAÇÃO E EFICÁCIA CLÍNICA DOS
SELANTES DE FOSSULAS E FISSURAS
RESINOSOS E IONÔMERICOS
Amanda Fróes* Ester Andrade* Herlya Campos* Maíra Santana* Rafael Mainarte*
*Alunos de Graduação do curso de Odontologia da Universidade Federal da Bahia
RESUMO: Embora o mundo observe um declínio da doença cárie, ela ainda é considerada como principal causa de perda dentária. Esta lesão é distribuída irregularmente nos dentes e acontece diferentemente nas superfícies dentais. É notório que fóssulas e fissuras apresentam uma característica morfológica singular, formando verdadeiros nichos para a retenção de biofilme e subsequente colonização por microrganismos nesta superfície. Apesar destas superfícies representarem apenas 12,5% da área do dente, estudos demonstram que são responsáveis por cerca de 67% à 90% da experiência de cárie em crianças.Isto acontece em virtude da falha na coalescência das fossas e fendas durante o desenvolvimento dentário. Os selantes de fóssulas e fissuras vêm sendo proposto na prevenção desta doença multifatorial, principalmente em pacientes de alto risco.
Diversos materiais vêm sendo desenvolvidos e propostos para esse. O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão de literatura sobre a indicação e eficácia selantes de fóssulas e fissuras ionômericos e resinosos.
Palavras-chave: selantes de fissura, cárie oclusal, prevenção da cárie oclusal.
INTRODUÇÃO:
A lesão de cárie ocorre devido à interação de vários fatores, podendo estar distribuída irregularmente nos dentes e, mesmo acontecer diferentemente nas superfícies dentais. As superfícies oclusais por serem bastante irregulares apresentam uma higienização difícil, oferecendo maior acúmullo de resíduos alimentares e bactérias, que se traduzem num grande índice cariogênico, principalmente após os 6 anos de idade, quando as crianças apresentam de 35% a 6% das cáries nessas superfícies, com valores bem mais elevados nos molares. A grande suscetibilidade à cárie das superfícies de fóssulas e fissuras e a efetiva proteção que os selantes promovem forma confirmados por CRAWFORD.
SIMONSEN, verificou que após 11 anos de aplicação de selantes em primeiro molares premanentes, esses se apresentavam livres de cáries, enquanto os dentes vizinhos, que não receberam selante ficaram susceptíveis a cárie, e depois de certo tempo, necessitaram de reatauração.
A doença cárie ainda nos dias atuais continua sendo um desafio para odontologia, muitas mudanças ocorreram na área odontológica, no que diz respeito ao perfil do profissional e estudos clínicos, mostrando estes maior excelência. Houve a transição da era restauradora que não foi eficaz no controle da doença, por estabelecimento de critérios definidos, desvalorizando a visão curativa e fortalecendo a promoção e prevenção da saúde, mesmo com tais mudanças a prevalência da cárie na superfície oclusal e interproximal ainda é alta. É nesse âmbito que a utilização de selantes torna-se de suma importância, evitando sobretratamento futuro.
Muitos estudos têm relatado que o índice da cárie dentária reduziu-se a partir da utilização de selantes oclusais, estes foram interpostos pela prevalência da cárie em regiões de cicatrículas e fissuras. Essas apresentam irregularidades, sendo estreitas e tortuosas o que facilita o acúmulo da placa bacteriana, sendo assim o selante irá funcionar como barreira física entre a superfície dentária, prevenindo o início do processo carioso.
Os materiais freqüentemente utilizados para selamento de fóssulas e fissuras podem ser: ionoméricos, resinosos e ainda os compômeros.O cimento de ionômero de vidro vem sendo aprimorado e indicado para várias situações clínicas, inclusive o selamento de fóssulas e fissuras. Entretanto, a baixa retenção deste material tem limitado seu uso como selante, por isso há preferência por selantes resinosos devido a sua maior retençã
Em decorrência da importância dos materiais seladores na odontologia, este trabalho tem por objetivo abordar uma revisão de literatura quanto ao uso e identificando os materiais e as diferentes técnicas para a aplicação na clínica odontológica.
REVISÃO DE LITERATURA:
Apesar de BOSSERT, em 1933, ter relacionado a anatomia oclusal com o aparecimento de cárie nessa superfície, BLACK, em 1885, já preconizava a extensão preventiva, cujo objetivo era prevenir recidivas eliminando toda a superfície onde se localizavam fóssulas e fissuras. HYATT, em 1923, defendeu a odontotomia profilática, onde a cavidade era mecanicamente preparada e restaurada com amálgama, antes mesmo de existirem lesões cariosas.
Na década de 1950, vários métodos químicos foram testados, como o uso do nitrato de prata, cloreto de zinco, ferrocianeto de potássio e cimento de cobre vermelho, porém, nenhum deles foi eficaz (SGAVIOLI, 2000).
Foi a partir de 1955, após BUONOCORE introduzir a técnica do condicionamento ácido para permitir a união do esmalte com a resina acrílica que houve um avanço nos materais adesivos. BOWEN, em 1963, sintetizou a resina composta BIS-GMA, fundamental para que seus estudos posteriores fornecessem a base para a utilização de selantes. Assim, em 1967, GWINNETT; BUONOCORE sugeriram a utilização de materiais adesivos objetivando prevenir cáries; mas somente em estudo de CUETO;BUONOCORE, ainda em 1967, que se constatou a eficácia do primeiro selante de fóssulas e fissuras. “É importante selar fóssulas e fissuras o mais cedo possível após o nascimento dos primeiros molares, pois o pico de ataque das cáries interproximais ocorre algums anos depois dessa irrupção” (CUETO;BUONOCORE, 1967).
A partir desses estudos e com a evolução dos estudos em materiais restauradores odontológicos, foram elaborados selantes contendo diferentes elementos em sua composição, como os selantes resinosos, ionoméricos e compômeros.
O sistema básico dos selantes que tem sido testado inclui a resina BIS-OMA, poliuretanos, cianoacrilatos e cimentos de policarboxilato, muito embora as experiências clínicas tenham encontrado maior facilidade de aplicação, retenção e redução efetiva da cárie na utilização do BIS-GMA e seus derivados.
Estes materiais se caracterizam por apresentarem ou não carga em sua composição, presença ou não de corantes ou opacificadores, métodos de polimerização e tipo de condicionador ácido. Todas estas variações conduzem a dificuldades quanto à escolha do selante pelo profissional. A presença de opacificadores na resina não demonstra existir evidência de que um selante colorido ou opaco seja identificado mais facilmente que um transparente. Devido à retenção deficiente e ao desgaste excessivo, tais fatores levam ao pouco uso do material. Todas estas variações conduzem a dificuldades quanto à escolha do selante pelo profissional. A presença de opacificadores na resina não demonstra existir evidência de que um selante colorido ou opaco seja identificado mais facilmente que um transparente. Devido à retenção deficiente e ao desgaste excessivo, tais fatores levam ao pouco uso do material.
A função do selante é unir-se à superfície dental formando uma película contínua e resistente (CAMPOS, 2005), tornando-se uma barreira física entre o dente e a microbiota oral, diminuindo a adesão das bactérias às cicatrículas e fissuras, inibindo, consequentemente, o aparecimento e posterior evolução da cárie.
Selantes resinosos podem ser fotopolimerizáveis ou quimicamente polimerizáveis. Escoam na superfície de cicatrículas e fissuras, penetrando nas microporosidades formadas no esmalte onde foi realizado condicionamento ácido, gerando projeções de resina denominadas tags (MYAKI;BRUNETTI;CORRÊA, 1998).
Em estudo in vitro, os selantes resinosos apresentaram maior taxa de retenção à superfície dental, comparado com os selantes ionoméricos, de acordo com GARRIDO et al, em 2002. Ainda no mesmo estudo, foi comprovado o bom vedamento marginal, quando a técnica foi aplicada de maneira adequada, evitando a microinfiltração nesta área.
A incorporação de partículas de quartzo ou vidro objetiva aumentar a resistência à abrasão do material, porém, aumenta sua viscosidade, o que dificulta o escoamento e penetração do selante no esmalte previamente condicionado com ácido nas cicatrículas e fissuras (MODESTO, et al 1998; FAVA, 1996).
Além disso, os selantes resinosos não conseguem evitar a perda mineral da face oclusal dos dentes permanentes quando estes foram expostos ao desafio cariogênico KANTOVITZ, 2006).
Diante da eficácia dos fluoretos em proteger a estrutura dentária, incorporou-se o flúor nos mais diversos materiais preventivos, inclusive em cimento de ionômero de vidro, utilizado em larga escala devido a sua capacidade de liberar flúor. É conhecido que o flúor exerce efeito antibacteriano, estimula a remineralização do dente e diminui a solubilidade do esmalte (GUIMARÃES et al, 2009), portanto, tendo o CIV flúor em sua composição e, consequentemente, possuir uma ação cariostática, é que tal material foi incorporado ao selante, sendo este denominado selante ionomérico.
O flúor sendo liberado na cavidade oral causará a incorporação do mesmo ao esmalte subjacente, havendo proteção do dente mesmo que o selante se desprenda da superfície dental (AMENDOLA et al, 1997).
Apesar de ter como principal vantagem a presença e capacidade de liberação de flúor, os selantes ionoméricos apresentam baixos níveis de retenção, sendo necessários métodos que melhores essa propriedade, potencializando assim o seu efeito protetor pela associação de seu efeito cariostático ao da proteção mecânica observada pala selantes resinosos (GUIMARÃES et al, 2009).
O uso de selantes como método preventivo e não invasivo é relevante também em casos de cárie interproximal, em lesões que encontram-se apenas em esmalte, não necessitando de técnicas invasivas, sendo o tratamento preventivo mais indicado (McCOMB, 2000), onde o uso de selantes encaixa-se perfeitamente neste casos.
HYLSTRUP, em 1995, afirmou que a decisão de colocar selantes em uma superfície sadia deve-se basear na idade (erupção do dente) e na higiene oral do paciente, histórico de doença cárie do indivíduo, hábitos alimentares, cooperação e da confiança no retorno dos pacientes às consultas de rechamada, bem como no tipo da morfologia do dente.
Alguns estudos foram realizados recentemente avaliando-se o uso dos selantes em superfícies oclusais. Dentre inúmeros alguns serão referenciados na presente revisão de literatura.
PORTO NETO realizou um trabalho que visava avaliar cinco marcas comercias diferentes de selantes levando em consideração a retenção e eficácia na prevenção da cárie, após 6 meses de sua aplicação, procurando auxiliar o clínico no momento de sua escolha. Para o estudo houve a presença de 29 crianças cursando da primeira à quarta série do primeiro grau, com idades variando de 7 a 11 anos, que apresentassem os molares permanentes e pré-molares hígidos ou com cárie incipiente, constituindo um total de 149 dentes que receberam os selantes. Em cada criança, quando eram selados molares e/ou pré-molares, um dente homólogo hígido era deixado como controle para verificação futura da eficácia do selante na prevenção da cárie oclusal.
Antes da aplicação dos selantes, os dentes foram tratados com bicarbonato de sódio sob pressão por meio do aparelho Profi 2, durante um tempo de 30 segundos para cada dente. Após esta profilaxia, foram lavados abundantemente com água, e secos para posterior isolamento e aplicação dos selantes. Logo após, receberam isolamento relativo com rolos de algodão, condicionamento com ácido fosfórico a 37% durante 30 segundos, com posterior lavagem e secagem. O isolamento relativo foi trocado cuidadosamente para a aplicação do selante, pois sabe-se que uma contaminação salivar por um tempo mesmo pequeno afeta o esmalte já condicionado. Aplicaram-se cinco diferentes marcas comerciais de selantes, conforme as instruções dos fabricantes, distribuindo-os em diferentes dentes e arcadas da forma mais homogênea possível, realizando-se desgastes oclusais quando necessário. Aplicaram-se cinco diferentes marcas comerciais de selantes, conforme as instruções dos fabricantes, distribuindo-os em diferentes dentes e arcadas da forma mais homogênea possível, realizando-se desgastes oclusais quando necessário.
Os selantes empregados foram:
1 - Delton, da Johnson & Johnson, transparente, autopolimerizável, enquanto os demais eram fotopolimerizáveis.
2 - Estiseal, da Kulzer, de coloração com tendência a castanho-claro, opaco.
3 - Prisma, da Dentsply, transparente.
4 - Concise, da 3M, branco opaco.
5 - Degufill, da Degussa, branco opaco.
Depois da análise dos resultados obteve-se as seguintes considerações:
Quanto à retenção total dos selantes após 6 meses, os aplicados na arcada superior se mostraram com resultados mais favoráveis, com 88,9% dos dentes ainda selados, sem nenhuma perda do material, dados que corroboram os achados de Stephen et al., com exceção do Estiseal e Concise que a apresentaram maior para a arcada inferior . De Craene et al., porém, concluíram que os dentes inferiores oferecem uma retenção maior dos selantes, e que os pré-molares retêm o selante por mais tempo que os molares permanentes.
Segundo Castro et al, o uso de isolamento absoluto para a realização de procedimentos restauradores pode oferecer resultados mais satisfatórios do que quando se utilizam apenas rolos de algodão. Porém, Dennison et al. e Wright et al, afirmaram que não há diferenças na utilização de um ou outro tipo de isolamento. desde que bem controlados. Nesse estudo, desenvolvido com isolamento relativo, viu-se que o percentual de perda total dos selantes se mostrou mínimo, uma vez que apenas um dente selado com Delton e outro com Concise, ambos na arcada superior, não apresentam retenção.
Somando-se os valores obtidos de todas as marcas comerciais testadas, viu-se que a retenção total foi significantemente maior que os números de retenção parcial e nula, observando-se resultados de 130, 17 e 2, respectivamente Os selantes empregados foram tanto transparentes (Delton e Prisma) quanto opacos (Estiseal, Concise e Degufill). A facilidade é maior para se analisar os selantes opacos, mas não se encontraram resultados tão significantes entre as marcas quanto a essas diferentes formas de apresentação, embora Simonsen9 cite a maior vantagem no uso de um selante opaco ou branco por ocasião da avaliação e mesmo Rock et al. comparando erros na apuração de selantes transparentes e opacos tenham relatado erro de 1,4% para o selante opaco e de 22,8% para o selante transparente.Os selantes brancos ou opacos são também mais facilmente detectáveis tanto pelo dentista quanto pelo paciente.
Quanto à composição, os selantes variam também na apresentação de partículas de carga, que podem influenciar na penetração do material no esmalte, para a formação de maiores ou menores prolongamentos resinosos ou tags.
De Craene et al., trabalhando com selantes com partículas de carga, observaram boa formação de tags e facilidade na aplicação. Já neste trabalho, o selante Delton (sem carga) apresentou o menor percentual de retenção completa.
Os selantes fotopolimerizados mostraram melhores percentuais de retenção , talvez explicados pelo maior tempo de trabalho e menor possibilidade de inclusão de bolhas durante a espatulação. Entre tais selantes, o Concise mostrou o maior percentual de retenção completa. A grande ação preventiva dos selantes pode ser observada na Tabela 6 comparando-se os grupos de dentes selados e controle. Nos dentes que receberam selantes, 98,5% ainda permaneciam hígidos após 6 meses, contra apenas 51,6% do grupo controle. Notam-se também nos dentes que não foram selados os diagnósticos de 29% ,já com cárie incipiente além de 6,5% com lesão de cárie e 12,9% já restaurados.
A efetividade preventiva do selante está relacionada à sua retenção total. De todos os selantes aplicados, 87,2% estavam totalmente retidos após 6 meses, com apenas 1,3% de perda completa, embora Stephen et al. tenham encontrado o selante totalmente ausente em tomo de 14% após 1 ano.Portanto, o emprego de selantes é de grande importância dentro da odontologia preventiva pela sua alta capacidade de prevenir cáries oclusais, devendo-se observar um grande rigor na técnica de aplicação que é crítica para a longevidade do selante.
Apesar dos detalhes e rigor que a técnica exige, Paterson et al.6 afirmam que a maioria dos clínicos está preparada para utilizar o selante, e que os profissionais poderiam chegar àprevenção de 100% das cáries em superficies de fóssulas e fissuras.
Pode-se concluir pelo estudo apresentado que de um modo geral, os selantes apresentaram maiores percentuais de retenção total na arcada superior e após 6 meses, 98,5% dos dentes que receberam selantes ainda permaneciam hígidos, contra apenas 51,6% dos dentes não selados.
Outro estudo realizado por NÓBREGA et al, avaliou também a eficácia e retenção de selantes oclusais fotopolimerizáveis, para o trabalho contou com a presença de 74 crianças com idade entre 6 e 9 anos possuindo os 4 primeiros molares hígidos, foram aplicadas três marcas de selantes oclusais fotopolimerizáveis(Delton - Johnson & Johnson, Concise - 3M e Fluroshield - Dentisply), permanecendo um dos dentes como controle. Após 6 meses, em 67 escolares, houve um percentual maior de retenção completa para o selante Fluroshield (71,6%), seguido do Delton (68,6%) e Concise (65,7%). Nos dentes controle, 40,3% estavam cariados, enquanto no grupo do Concise houve uma eficácia preventiva de 94%, seguida do Delton (92,5%) e Fluroshield (91 %).
Na conclusão desse último trabalho o autor declara que de acordo com os resultados:
1- Independente das arcadas, a retenção completa foi maior para o selante Fluroshield, seguido por Delton e Concise
2 - O selante Concise foi o mais eficaz na prevenção das cáries oclusais (94%), seguido do Delton e Fluroshield, enquanto nos dentes controle apenas 59,7% permaneceram hígidos após 6 meses;
3 - É importante e necessária a aplicação de selantes para prevenção de cáries oclusais.
DISCUSSÃO:
O termo “selante de fóssulas e fissuras” é usado para descrever um material que é aplicado sobre as fóssulas e fissuras oclusais de dentes susceptíveis ao desenvolvimento de lesões de cárie, unindo-se firmemente à estrutura dentária formando assim, uma camada protetora, e adesiva micromecânica, que impede a retenção de restos alimentares, biofilme dental, colônias bacterianas e outros resíduos em áreas anatômicas de difícil acesso, além de cortar o acesso dos microrganismos cariogênicos a nutrientes, impedindo, desta forma a evolução da lesão de cárie (WAMBIER, 1998; KRAMER et al., 2000; FRENCKEN et al., 2001).
A aplicação do selantes de fossulas e fissuras exerce indubitavelmente um papel fundamental na prevenção da cárie oclusal (CAMPOS et al., 2005).
Apesar da excelente eficácia demonstrada pelos selantes parece não haver consenso quanto a sua indicação e eficácia de ação (CAMPOS et al., 2005), e nesse contexto vários profissionais têm relutado em seu uso pela não convicção de seus efeitos e O termo “selante de fóssulas e fissuras” é usado para descrever um material que é aplicado sobre as fóssulas e fissuras oclusais de dentes susceptíveis ao desenvolvimento de lesões de cárie, unindo-se firmemente à estrutura dentária formando assim, uma camada protetora, e adesiva micromecânica, que impede a retenção de restos alimentares, biofilme dental, colônias bacterianas e outros resíduos em áreas anatômicas de difícil acesso, além de cortar o acesso dos microrganismos cariogênicos a nutrientes, impedindo, desta forma a evolução da lesão de cárie (WAMBIER, 1998; KRAMER et al., 2000; FRENCKEN et al., 2001).
A aplicação do selantes de fossulas e fissuras exerce indubitavelmente um papel fundamental na prevenção da cárie oclusal (CAMPOS et al., 2005).
Apesar da excelente eficácia demonstrada pelos selantes parece não haver consenso quanto a sua indicação e eficácia de ação (CAMPOS et al., 2005), e nesse contexto vários profissionais têm relutado em seu uso pela não convicção de seus efeitos e durabilidade, assim como pelo receio de selamento de lesões de cárie (HESSE et al., 2007).
Portanto o perfeito conhecimento das formas de indicação desses materiais, assim como técnica de aplicação é de fundamental importância, para compreensão da eficácia de sua ação. (MARINO, 2002; REGO, 2002).
A indicação dos selantes de fóssulas e fissuras deve considerar o risco do paciente ao desenvolvimento de lesões de cárie assim como sua atividade de cárie, nesse sentido está indicado para dentes hígidos recém-erupcionados, dentes com fóssulas e fissuras profundas que aprisionam a sonda exploradora durante a sondagem, para pacientes com dificuldades motoras. Pacientes de alto risco com muitas lesões de cárie proximais e oclusais o uso do selante está contra indicado como única medida preventiva. (KRAMER et al., 1991).
Segundo MODESTO, et al (1998) o momento critico do dente, quanto à susceptibilidade da doença cárie e descrito como aquele que vai desde a sua erupção na cavidade bucal até sua oclusão com o dente antagonista. Nesse período o dente está na fase de maturação pós-eruptiva, considerada a mais indicada para proteção com um selante.
BUSSADORI E GUEDES PINTO (1998) afirmaram que somente após o período que o dente entrar em contato com o antagonista e apresentar ausência de biofilme, o selante pode ser evitado.
Inicialmente acreditava-se que os selantes estavam indicados em superfícies de molares e pré-molares livres de lesões de cárie. (MODESTO, et al; 1998)
Segundo RIBEIRO E CAMPOS (2005) o desenvolvimento cientifico demonstrou outras possibilidades de utilização dos selantes como no selamento de lesões de cárie incipientes. Neste caso quando existe a suspeita da doença cárie pode se optar pelo emprego do selante terapêutico executado com o emprego da técnica invasiva ou ameoplástica.
O uso da técnica invasiva proposta por Simonsen e Stallard (1977), além de demonstrar-se superior na retenção dos selantes (REGO, 1994; DAVIS, 1998) propicia maior segurança ao cirurgião-dentista no uso dos mesmos, principalmente naquelas cicatrículas e fissuras em que o diagnóstico clínico de cárie está dificultado. (MARINO, 2002; REGO, 2002)
Segundo Pitts (1991), quando persistem dúvidas sobre o diagnóstico de cárie, principalmente em pacientes susceptíveis à cárie oclusal, a técnica invasiva deve ser realizada e se for comprovado o comprometimento da dentina um selante misto é indicado, associando-se selamento a uma restauração (MATOS, et al; 2010).
Segundo REGO e MARINO (2002) a eficácia de ação dos selantes está intimamente associada a escolha adequada do material assim como o conhecimento da correta técnica de aplicação.
KRAMER et al., (2000) afirmaram que os selantes resinosos são polímeros sintéticos que, após o devido condicionamento ácido da superfície dental, aderem-se de forma micromecânica a ela, obliterando, dessa forma, as fóssulas e fissuras do dente fornecendo melhores propriedades mecânicas e força de adesão. Segundo Modesto et al, o sucesso da técnica do selante resinoso esta na dependência de se obter uma adaptação intima entre o selante e a superficie do esmalte.
Um dos fatores que podem influenciar na retenção dos selantes é a profilaxia prévia que é feita nos dentes que serão submetidos aos selantes. Existem alguns tipos de profilaxia como: jato de bicarbonato e os métodos convencionais que seriam pedra pomes com água e pasta profilática fluoretada e não fluoretada. Em um estudo clínico em 25 pacientes, acompanhados durante 1 ano, a profilaxia prévia ao selante feita com jato de bicarbonato, revelou maior força de união entre o esmalte e o selante, em relação a pedra pomes e a pasta profilática fluoreta e não fluoretada. No entanto, não observaram diferença significante na força de união entre o esmalte e o selante, quando foi utilizado pedra pomes e a pasta
profilática fluoretada e não fluoretada.
Segundo CAMPOS e RIBEIRO (2005) a adesividade só é obtida sobre condições secas, sendo que o fracasso do procedimento é provocado pela contaminação com saliva.
Quanto ao método utilizado para isolamento do campo operatório, percebe-se ser uma das etapas mais importantes do tratamento (CAMPOS , RIBEIRO; 2005). A sensibilidade das resinas sugere isolamento com lençol de borracha (CAMPOS , RIBEIRO; 2005), por outro lado LYGIDAKIS et al afirmam que rolos de algodão e lençol de borracha oferecem isolamento similar em relação a aplicação de selantes.
Segundo GUIMARÃES et al a completa retenção pode ser menos importante quando os selante ionômericos são utilizados devido a sua liberação de flúor. Sendo assim quando o controle da umidade for limitado, os dentes estiverem parcialmente erupcionados ou hipoplásicos ou em pacientes de alto risco a cárie a aplicação do cimento de ionômero de vidro é uma boa alternativa quando se deseja proteção temporária da superfície oclusal (NAVARRO; PALMA; DEL HOYO, 1994; MARTINS, 1998)
Mônico e Tostes (1998) descrevem que os selantes compômericos foram elaborados a fim de solucionar ou minimizar os problemas físicos e químicos apresentados pelos cimentos de ionômero de vidro convencionais que apresentam como característica bastante significativa a liberação de fluoreto por um longo período de tempo. Winkler et al. (1996) compararam o desempenho clínico desses materiais com o selante resinoso e não observaram diferença significativa em um ano de observação, apresentando índices de retenção semelhantes ao da resina, podendo ambos materiais serem indicados como materiais satisfatórios em opção para selamento de superfícies (FERREIRA et al, 2006)
Segundo CAMPOS et al; (2005) para aplicação do selante independente do material utilizado é necessária a limpeza previa da superfície. ROTANI et al; (1996) afirma que a proposta da profilaxia é remover o biofilme e calculo, além de melhorar a eficácia do condicionamento ácido, podendo ser realizada de diversas maneiras.
Segundo Pitta (2010) devido ao grande índice de cárie nas superfícies interproximais, uma nova proposta de tratamento é indicada para essas regiões, denominada de tratamento minimamente invasivo, infiltração de resina ou selamento interproximal. Essa técnica é indicada para lesões de cárie que se encontram na metade externa da dentina e o protocolo para sua aplicação preconiza além dos métodos comuns para o selante oclusal, a separação temporária das unidades dentárias 48 horas antes do procedimento e aplicação do condicionamento ácido com ácido clorídrico (HCL) a 15% durante 2 minutos, para posterior infiltração da resina em um recipiente especifico.
De acordo com Pitta (2010) essa técnica ainda em fase de teste, utiliza condicionamento ácido muito forte que promove erosão da superfície do esmalte, e o seu custo elevado impossibilita sua implementação como método de saúde pública para redução do elevado nível de cárie nas faces proximais do dente.
Segundo COLOMBO et al, (1998) diante das propriedades do materiais seladores e das suas limitações, a indicação e emprego de cada um deles depende do senso clinico do profissional que, em função das características e necessidades individuais do paciente escolherá aquele mais conveniente, observando a adequada técnica de aplicação para a eficácia de sua ação.
CONCLUSÃO:
É importante e necessária a aplicação de selantes para prevenção de cáries oclusais.
Os selantes são indicados em pacientes com alta atividade de cárie, dentes hígidos recém-erupcionados, dentes com fóssulas e fissuras profundas que aprisionam a sonda exploradora durante a sondagem, pacientes com dificuldades motoras.
Em Lesões incipientes, quando existe a suspeita da doença cárie pode se optar pelo emprego do selante terapêutico executado com o emprego da técnica invasiva ou ameoplástica.
Se for comprovado o comprometimento da dentina um selante misto é indicado, associando-se selamento a uma restauração
Os selantes resinosos apresentaram maior taxa de retenção à superfície dental, porém, o selamento com materiais ionoméricos, apesar de apresentar menor retenção, tem-se mostrado bastante eficaz devido a sua capacidade de liberação de flúor apresentando maior efeito preventivo contra a cárie.
A eficácia de ação dos selantes está intimamente associada à escolha adequada do material assim como o conhecimento da correta técnica de aplicação.
Devido ao grande índice de cárie nas superfícies interproximais e possível tratamento com selamento interproximal mais estudos devem ser realizados pra avaliar essa nova proposta de tratamento minimamente invasivo.
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Salvador, Novembro de 2010
Justo o que procurava sobre jato de bicarbonato
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